25.4.10

Nessas horas parece que você vai explodir. Verter sangue lamacento pros quatro cantos da sala, quarto, banheiro ou qualquer muquifo que você esteja (não faz diferença alguma). Seus olhos vão saltar pra fora das órbitas (como você via em Tom&Jerry) e seguir saltando e saltitando, os dois olhos até pararem de se mover e ficarem imóveis olhando pr'aquele teto cinza poluído de meio de tarde em São Paulo. Seus braços vão dar aqueles últimos espasmos, os músculos tentando se salvar, ou eles nem serão mais braços, quem sabe, só uma massa disforme do que outrora fora carne, fora abraços, fora qualquer tipinho patético de demonstração de amor&carinho&solenidades etc. Você olha pra si mesmo (com os olhos imóveis, com outros olhos, tanto faz) e se vê aquele pedaço bonito de carne desfeita tão maltratado, tão es-que-ci-do e como você pôde chegar até onde está? (é o que diz no seu script melodramático). Como você pôde esquecer de quem se é? De quem se o quê?

De quem se era!, de quem se é, de quem se fora, se fora, fo-ra-da-qui.

21.4.10

(À Bout de Souffle?)
ah, Godard, ah Patricia (ah! Michel).